O cancro da mama é uma doença que pode afetar os dois géneros, pelo que é também primordial destacar esta patologia no homem. A Dr.ª Ida Negreiros, especialista em cirurgia geral de Senologia e Oncologia, no Hospital CUF Descobertas, destaca, em entrevista, que o homem apresenta maior probabilidade de ter cancro da mama com mutação genética e, consequentemente, mais recidivas.
Apesar de o cancro da mama apenas afetar cerca de 1 % do sexo masculino, “a percentagem de doentes com história de alterações genéticas é maior do que no cancro da mama da mulher”. Nesse sentido, por haver esta maior propensão, o homem pode ter maior probabilidade de ter recidiva. Além disso, a especialista destaca que, nestes casos, existe um maior risco de o cancro estar no tecido mamário todo.
Assim sendo, “o risco de recidiva, a presença de alteração genética e o risco de um segundo tumor é maior nos homens”. Neste sentido, a especialista partilha algumas recomendações para melhorar as condições do doente com cancro da mama.
A propensão para a recidiva não depende apenas da alteração genética, mas, sim, de um conjunto de fatores, como o cumprimento integralmente do tratamento sistémico, as vigilâncias e estilos de vida saudáveis. “Podem sempre ajudar para melhor a saúde, a maneira a estar melhor e o organismo portar-se bem.”
A Dr.ª Ida Negreiros e a sua equipa contactaram com cerca de sete doentes masculinos de cancro da mama, no último ano, na Unidade de Cancro da Mama do Hospital CUF Descobertas. Esta experiência demonstrou que, atualmente, “a preocupação estética tem crescido nos homens”, comparativamente aos anos anteriores que, “provavelmente, nem punham a hipótese de preservar a mama”.
Além disso, a especialista destaca também o momento do maior impacto desta doença no homem: “antes do diagnóstico, por considerarem ser uma doença de mulheres e que não lhes vai acontecer.” A “vergonha e negação” são sentimentos que surgem antes de se deslocarem a uma consulta para serem diagnosticados. No entanto, esta apreensão atrasa o diagnóstico e o início do tratamento, podendo prejudicar o sucesso do processo.
Em suma, conclui: “Fazer os seguimentos, fazer os tratamentos, cumprir e não descurar a sua saúde de uma forma global com a manutenção do estilo de vida é criticamente importante.” O sobrevivente não deve assumir que estar curado é sinónimo de poder descurar as vigilâncias periódicas e um conjunto de medidas.